Empréstimo: 23,6 milhões de brasileiros pagam juro acima da média do mercado
A taxa Selic, taxa básica de juros, caiu mais de dez pontos percentuais nos últimos cinco anos e, como consequência dessa queda, os bancos passaram a cobrar menos em suas linhas de crédito. Logo, quem realizou algum empréstimo durante esse período pode estar pagando taxas maiores que as praticadas atualmente.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Banco Central, cerca de 23,6 milhões de pessoas pagam juros acima da média atual. Dentro desse número estão 18,9 milhões no crédito consignado, 4,2 milhões no financiamento de veículos e 493 mil no crédito imobiliário.
O que você procura?
Renegociações e portabilidade de crédito.
A pesquisa indica que há diversas oportunidades de renegociações e portabilidade de crédito. Em 2014 o Banco Central facilitou a portabilidade, permitindo que qualquer cliente migre seu empréstimo para outro banco ou instituição financeira que ofereça melhores condições.
Segundo as regras do BC, a instituição de origem é obrigada a aceitar a operação sem cobrar multa e a conceder informações contratuais.

Como solicitar a portabilidade?
Para solicitar a transação, o cliente precisa ir ao banco com o qual negociou a dívida inicialmente e pedir as informações da operação do crédito que deseja transferir. Após essa movimentação, ele deve cotar em outras instituições as todas condições oferecidas para aquela linha.

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Após encontrar aquele que mais se adequa às suas necessidades, é preciso assinar o contrato para que a nova instituição registre o pedido e faça o pagamento da dívida diretamente para a anterior.
Taxa básica ou taxa Selic
Para você entender melhor, pense: entre os anos de 2015 e 2016, a Selic alcançou 14,25%. Atualmente, a taxa básica está em 3,50% e, mesmo com forte tendência de alta, deve permanecer abaixo dos patamares. Ou seja, se antes os juros eram mais altos e agora eles abaixaram, pode ser que quem solicitou empréstimo na época, esteja pagando valores acima da média.
Vale lembrar que os empréstimos costumam ter longas linhas de prazo, por isso, o consumidor tem o direito de pedir portabilidade para outra instituição ou renegociar as parcelas no próprio banco de origem do empréstimo.
De acordo com a mentora financeira Silvia Brunelli Machado, "Não só a taxa básica deve ser levada em consideração, recomendo que o consumidor consulte as condições de crédito a cada dois ou três anos. Nesse meio-tempo, o perfil de risco dele pode ser outro, com um aumento de salário por exemplo, ou o mercado pode ter mudado, com novas instituições ou com apetite maior para concessão de empréstimos".
A mentora ainda ressalta a importância de simular o custo total do novo crédito para averiguar se vale a pena solicitar a portabilidade para outra instituição. "Muitas vezes os juros são menores, mas há tarifas e outros custos que encarecem a parcela", informou a mesma.
Dificuldade com a portabilidade
Para a consultora, muitos clientes não sabem que podem fazer a portabilidade, e se sabem, são desencorajados pelo banco de origem do empréstimo quando pedem as informações do contrato. Outro ponto levantado foi o da renegociação, já que as instituições podem renegociar diretamente com o cliente, tentando evitar que ele faça a troca.
"As pessoas podem tentar esse acordo diretamente com o banco sob o argumento de que as condições do mercado mudaram muito e que os empréstimos estão mais baratos agora. Quem pegou empréstimo há cinco anos está pagando muito mais do que aqueles que tomaram há pouco tempo", finalizou a especialista.
Queda das taxas
Confira a queda de juros de cada setor, de acordo com dados informados pelo Banco Central:
- Crédito imobiliário: de 2016 até 2021, os juros médios dessa modalidade caíram 3,82 pontos percentuais, de 10,49% passaram para 6,67%;
- Financiamento de veículos: durante o período citado acima, a taxa foi de 29,4% para 19,38%, contando com uma redução de dez pontos percentuais;
- Crédito consignado: na modalidade onde as parcelas são descontadas diretamente no salário do trabalhador, os números passaram de 27,48% para 21,32%, 6,16 pontos a menos.
A autoridade monetária (BC) informou que em dezembro de 2020, cerca de 493 mil tomadores _ saldo de R$ 63 bilhões _ estariam pagando taxas de juros acima de 10% ao ano, número mais elevado que a média de aproximadamente 7% a.a.
"Em 2020, foram registradas quase 6,3 milhões de solicitações de portabilidade de crédito. Desse total, 62% foram efetivadas e 13% foram retidas após negociação com o cliente. A retenção após negociação também pode ser entendida como um resultado exitoso do processo de portabilidade, uma vez que, em princípio, a credora original conseguiu oferecer ao tomador condições melhores ou iguais às da instituição proponente", diz trecho da pesquisa realizada.
Open Banking
Rafael Schiozer, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) acredita que o Open Banking, que está em implementação no Brasil desde o começo do ano, deve impulsionar os pedidos de transferência de dívida entre instituições.
Disponível para todos os brasileiros em dezembro deste ano, o sistema permite o compartilhamento de dados financeiros entre instituições. A movimentação, que só é realizada com a autorização do consumidor, facilita a busca por serviços e produtos em condições melhores.
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